Em breve teremos a “reestreia” do La Niña e isso pode não ser uma boa notícia

 Foto: Reprodução/CNN Brasil

O ciclo climático que alterna o El Niño e o La Niña é algo normal. Para o Brasil, o El Niño provoca chuvas na Região Sul e seca nas regiões Norte e Nordeste. O La Niña faz o contrário, causando secas no Sul e chuvas no Norte e Nordeste. É como se fosse uma gangorra que há muito tempo controla o clima entre essas regiões.

O fenômeno El Niño, que se caracteriza pelo aquecimento acima do normal das águas do Oceano Pacífico, se encaminha para o seu final, informa a Metsul Meteorologia. A tendência é que o episódio de 2023/24 chegue ao fim no final do mês ou mais tardar em maio, seguindo-se uma fase breve de neutralidade até a instalação da La Niña.

A probabilidade é de que o fenômeno La Niña retorne e seja declarado no decorrer do inverno deste ano (no período entre junho e agosto). No Brasil, os efeitos do fenômeno variam de acordo com a região. O Sul do país geralmente experimenta menos chuva, enquanto o Norte e o Nordeste registram um aumento das precipitações.

As mudanças climáticas, entretanto, têm acentuado os efeitos desses fenômenos. Durante o El Niño que agora se encerra, tivemos chuvas extremas na região Sul e em diversas áreas da região Sudeste e uma seca sem precedentes históricos conhecidos na região Norte. Em diversas áreas, a temperatura ascendeu a níveis históricos.

Com o retorno do La Niña, as previsões climáticas indicam uma situação peculiar. As chuvas na região Norte vão se deslocar para uma faixa acima das fronteiras nacionais. Na Amazônia brasileira, essas chuvas ficarão abaixo da média, cenário predominante nas demais regiões.

No final do ano passado, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já havia alertado que algumas usinas hidroelétricas estavam com uma vazão afluente reduzida. Esse é o termo técnico que indica quanto de água a natureza está aportando nos reservatórios por meio das chuvas e das nascentes, por exemplo. Essa tendência deverá se intensificar com o La Niña.

Caso as hidroelétricas tenham que operar com uma capacidade reduzida, será necessário ampliar o uso das termoelétricas, que representam a fonte mais custosa de geração de energia elétrica no país. Quando isso acontece, esse maior custo é repassado aos consumidores com a aplicação das bandeiras tarifárias amarela, vermelha 1 e 2 ou de escassez hídrica.

Em relação à temperatura, excetuando-se o extremo sul do Rio Grande do Sul e parte do Nordeste, enfrentaremos valores acima da média. Há um destaque especial para a região Centro-Oeste com um clima mais seco e quente, o que poderá prejudicar a agricultura e deixar o Cerrado e Pantanal mais suscetíveis às queimadas.

Diante disso, vale sempre lembrar que, embora não seja possível negociar com o clima, contamos com ferramentas que antecipam cenários. O correto uso desses recursos, a ampla divulgação de informações e um bom planejamento poderão reduzir seus impactos.

Globo Rural/CNN

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