JUIZ DETERMINA TRANSFERÊNCIA DE CABRAL PARA PRESÍDIO FEDERAL APÓS DISCUSSÃO

Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo – Ex-governador Sérgio Cabral deixa a justiça federal após depoimento  

O juiz federal Marcelo Bretas, da 1ª instância da Lava Jato no Rio de Janeiro, autorizou, na tarde desta segunda-feira (23), a transferência do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) para um presídio federal, atendendo a pedido do MPF (Ministério Público Federal). Não foi definida a unidade prisional para a qual Cabral será enviado. A defesa do ex-governador afirma que a decisão é arbitrária e que irá recorrer.

São quatro presídios federais existentes no país: Mossoró (RN), Campo Grande (MS), Catanduvas (PR) e Porto Velho (RO). Detido desde novembro passado, o ex-governador ficou preso no Complexo de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio, e hoje se encontra na Cadeia Pública Frederico Marques –antigo BEP (Batalhão Especial Prisional), localizado no bairro de Benfica, zona norte da capital fluminense.

O pedido foi feito após Cabral ter mencionado, durante interrogatório realizado hoje na 7ª Vara Criminal, informações pessoais a respeito de Bretas.

Na audiência da ação penal referente a acusação de lavagem de dinheiro por meio de compra de joias, Cabral afirmou que a família do juiz Bretas teria entrosamento com joias porque “vendia bijuterias”. O magistrado repreendeu a  defesa de Cabral, dizendo que se sentia ameaçado pela afirmação.

O advogado de Cabral pediu, então, um recesso de cinco minutos para orientar o cliente.

Segundo o procurador Sergio Luiz Pinel Dias, o que motivou o pedido de transferência “foi a questão de [Cabral] receber informações dentro da cadeia, informações dadas de fora da cadeia”. “Foi no momento em que ele mencionou a família do magistrado”, disse.

No entanto, o procurador evitou categorizar as falas de Cabral como ameaças. “O que ficou claro é que ele vinha recebendo informações de fora do presídio”, reforçou. “Absolutamente normal ele receber informações dos processos a que responde. O que não é normal é ele saber da vida dos familiares do magistrado”, completou Dias.

Perfil sobre Bretas publicado pelo jornal “Folha de S.Paulo” em fevereiro traz a informação de que os pais do juiz criaram os filhos na igreja evangélica e “trabalhando em uma loja de bijuterias no Saara, mercado popular do centro.

O advogado de Cabral, Rodrigo Roca, classificou a decisão da transferência como “grave”. “O que ele [Cabral] fez foi trazer um desabafo –verdadeiro, mentiroso, não importa. A questão é que foi um ato conhecido através  de interrogatório, um ato dele para que ele se defendesse. Para ele dizer o que bem entender em sua defesa”, disse o advogado.

Foi a primeira vez que o ex-governador se encontrou com Bretas após suas duas primeiras condenações da Lava Jato no Rio. Em agosto, o juiz federal negou hoje pedido dos advogados de Cabral para conceder entrevista a dois veículos de comunicação –a defesa do ex-governador alega que ele queria apresentar sua versão dos fatos.

Durante o interrogatório, Cabral discutiu com Bretas, fazendo críticas aos processos do qual é réu. Para Cabral, que também teceu críticas ao magistrado ao longo do depoimento, o juiz Bretas faz uma “projeção pessoal para o meu calvário”.

Do UOL Notícias

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