APÓS 13 ANOS NO PODER, EVO MORALES RENUNCIA À PRESIDÊNCIA DA BOLÍVIA

Foto: Divulgação

Morales deixa o cargo que ocupa desde 2006 depois de três semanas de protestos no país, por suspeita de fraude nas eleições de outubro, que haviam dado a ele um novo mandato. OEA apontou irregularidades na votação, e as Forças Armadas haviam ‘sugerido’ que ele abrisse mão do mandato.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou neste domingo (10/11) que renuncia após as Forças Armadas “sugerirem” que ele deixasse o cargo. Morales governava o país desde 2006. O vice-presidente, Álvaro García Linera, também apresentou a renúncia.

“Houve um golpe cívico, político e policial. Meu pecado é ser indígena”, disse Morales, ao comunicar sua decisão em um pronunciamento na televisão ao lado de seu vice-presidente, Álvaro García Linera, e Gabriela Montaño, ministra da Saúde e ex-presidente do Senado.

Pouco antes, as Forças Armadas haviam pedido que ele abrisse mão de seu mandato para permitir a pacificação e manutenção da estabilidade do país.

O comandante das Forças Armadas da Bolívia, general Williams Kaliman, divulgou um comunicado em nome do alto comando em que falou que a saída de Morales seria importante para resolver o impasse na crise política em que se encontra o país desde as controversas eleições presidenciais, em 20 de outubro.

Segundo o comunicado, o pedido foi feito a Morales levando em consideração “a escalada de conflitos que o país atravessa”, em nome da “vida e da segurança da população” e para garantir o “império da condição política do Estado, de acordo com Artigo 20 da Lei Orgânica das Forças Armadas e após análise da situação interna de conflito”.

Depois de quase três semanas de protestos nas ruas contra os resultados que haviam dado a Morales um novo mandato até 2025, o presidente boliviano anunciou na manhã de hoje novas eleições. Essa medida, no entanto, não acalmou os manifestantes e foi considerada insuficiente pelas Forças Armadas.

O presidente anunciou a nova votação, embora sem uma data para que seja realizada, após um relatório preliminar de auditoria da eleição de outubro feito pela Organização dos Estados Americanos (OEA) apontar ter identificado várias “irregularidades”.

O ex-presidente Carlos Mesa, que ficou em segundo nas eleições de outubro, comemorou o anúncio falando sobre “fim da tirania”.

“À Bolívia, ao seu povo, aos jovens, às mulheres, ao heroísmo da resistência pacífica. Eu nunca esquecerei este dia único. O fim da tirania. Grato como boliviano por esta lição histórica. Viva a Bolívia!!!!!”, publicou Mesa em sua conta no Twitter.

O que disse a OEA?

A OEA determinou ser estatisticamente improvável que Morales tenha vencido pela margem de 10% necessária para evitar um segundo turno, conforme determina a lei eleitoral do país.

A auditoria do órgão internacional também encontrou registros com alterações e assinaturas falsificadas. O relatório de 13 páginas afirma que, em muitos casos, a cadeia de custódia das atas de votação não foi respeitada e que houve manipulação do sistema de computador.

Morales anunciou então novas eleições e a renovação de todos os membros do Supremo Tribunal Eleitoral (STE), que foram duramente criticados pela forma como foi feita a contagem dos votos, algo também recomendado pela OEA.

Mas o procurador-geral da Bolívia, Juan Lanchipa, foi além e deu início a uma investigação por crimes comuns, eleitorais e de corrupção contra membros do Supremo Tribunal Eleitoral e pessoas envolvidas nos eventos “irregulares” mencionados pela OEA.

Vários ministros e políticos ligados a Morales já haviam renunciado, incluindo o ministro de Minas, César Navarro, e o ministro de Hidrocarbonetos, Luis Alberto Sánchez, além do governador de Cochabamba, Iván Canelas, entre outros.

O candidato de oposição Carlos Mesa, que ficou em segundo na eleição de outubro, havia dito que Morales não deveria se candidatar novamente. Enquanto isso, o líder da oposição em Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, insistiu que Morales deveria renunciar.

Com informações do BBC News / Brasil

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