SÃO JOSÉ DE MIPIBU – A GESTÃO MUNICIPAL SOB A ÓTICA DO PROFESSOR JOÃO MARIA LIMA

FPM e Educação

Prezado Daltro,

É com muita tristeza – para não dizer consternação – que leio a notícia em seu Blog “São José de Mipibu – professores decidem pela greve geral”. Infelizmente, de onde estou trabalhando, a Secretaria Estadual de Educação, não posso ler a íntegra do texto, já que o acesso a conteúdos de blogs é limitado.

Contudo, valho-me do título da matéria para expressar meu sentimento sobre a educação de São José de Mipibu. Portanto, não me refiro a esta greve deflagrada pelos professores, que deve ser –acredito – pelo pagamento do Piso Nacional da categoria, uma reivindicação justa e necessária.

Lamentar a destruição da educação de São José de Mipibu não é algo demagógico, é enxergar um futuro triste. São José parou nos últimos anos. A cidade vem sendo “engolida” pelas circunvizinhas e não tem força sequer para pedir socorro.

Se alguém souber de um motivo para nos orgulharmos da educação de São José, por favor, diga- me. Mas não venha com o argumento falacioso de que o salário do professor é pago em dia, pois isso não é investimento em educação, é obrigação do gestor.

Mesmo localizada na Grande Natal, a educação de São José vive a anos-luz do progresso ou daquilo que se poderia chamar de competitiva. Nossas escolas públicas arquejam por melhorias físicas e por projetos interessantes.

E não vale tentar desqualificar essa ideia com a mentira da queda do Fundo de Participação do Município (FPM). O mesmo político que chora a queda do FPM deveria fazê-lo à época das festas promovidas pelo município e não só na hora de pagar o Piso ao professor.

Além do mais, existem muitos projetos interessantes que não dependem de recursos do município, basta ter gente capacitada para correr atrás. Aliás, nos últimos tempos, escolher alguém capacitado para melhorar a educação da cidade nunca foi critério.

Só para ratificar o que digo, vejamos alguns fatos:

O Rio Grande do Norte foi agraciado com uma proliferação de IFRNs. São José está entre as 12 maiores cidades do Estado. Sobrou alguma sede do IFRN aqui? Isso é culpa do professor ou é falta de competência e interesse do gestor? Culpa do FPM, não é?

Temos uma escola denominada Centro Educacional Rural (CERU), localizada num distrito cuja economia é alavancada pela agricultura. Alguém viu algum projeto ou parceria com a Escola Agrícola de Jundiaí ou com o Centern? Culpa do FPM, não é?

O Governo do Estado fez a apresentação da oferta de dos cursos do ano letivo de 2012 do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) oferecendo 4.604 novas vagas para os cursos de Formação Inicial Continuada (FIC) e 867 vagas para os Cursos Técnicos Profissionais de Nível Médio (TEC) em 13 municípios de diferentes regiões do Rio Grande do Norte.  Inicialmente, estão sendo contempladas 40 Escolas Estaduais em Natal, 16 em Mossoró, quatro em Caicó, 4 em Santa Cruz, 4 em Assu, 2 em Pau dos Ferros, e mais 20 espalhadas nos municípios de Parnamirim, Macaíba, Ceará Mirim, São Gonçalo, Arês, Goianinha e Maxaranguape.  E São José? Está fora. Claro, culpa do FPM, não é?

Em Natal, as faculdades privadas mantêm cursos de extensão, clínicas e práticas jurídicas, que podem funcionar em parceria com os municípios do interior, por meio de projetos em várias áreas, inclusive educação. São José tem algum projeto nesse sentido? Culpa do FPM, não é?

Diante disso, amigo Daltro, fico aqui a rezar para que, um dia, um gestor deixe de colocar a culpa no FPM e no professor para justificar o fracasso da educação da nossa cidade. Torço para que estabeleça um critério básico na gestão da educação: COMPETÊNCIA.

Grande abraço,

Professor João Maria de Lima, ex-aluno do Instituto Pio XII, E.M. Severino Bezerra de Melo e E. E. Professor Francisco Barbosa.

5 responses to “SÃO JOSÉ DE MIPIBU – A GESTÃO MUNICIPAL SOB A ÓTICA DO PROFESSOR JOÃO MARIA LIMA

  1. Parabéns ao amigo João. Sei quanto é valioso seu comentário, são palvras de quem realmente conhece. Aproveito para pedir permissão e fazer das suas palavras as minhas.

    Não podemos ficar calados diante do estado que vive a educação do município.

    Em conversa com o futuro gestor, ouvi do memo que ou aumenta a receita do muniípio ou corta as despesas. Pois o limite prudencial não permite o PAGAMENTO. È lógico que não temos como aumentar a receita, tendo em vista que para isto a única opção seria reajustar o IPTU, más para que o IPTU seja reajustado, primeiro temos que saber o que fazem com a receita do município, ou seja para onde vai (+ ou -) R$ 200.000,00.

    A altenativa que sobra é cortar as despesas ou seja DEMITIR os cargos COMISSIONADOS.

    Caro amigos o pior cego é aquele que não quer enxergar. Att. Crisóstomo.

  2. Muito bem colocadas as palavras do amigo professor João Maria Lima. Realmente é assim que São José de Mipibu se encontra: se “apagando” diante das cidades vizinhas. É fato!!! Infelizmente!!!

  3. O colega falou muito bem. Efetuou um verdadeiro raio X da educação mipibuense.
    Escolas sucateadas, laboratórios de informática que não funcionam, falta de cadeiras para os alunos, ausência de material esportivo, quadros velhos, sujeira etc.
    Espero que nossos gestores se mostrem realmente preocupados com a educação e com a valorização do magistério. Queremos salários justos mas também queremos condições de trabalho satisfatórias que permitem um aprendizado mais produtivo para nossos alunos.

  4. Parabéns ao Professor João Maria que mesmo estando fora da cidade conhece a realidade da educação de São José de Mipibu e que teve a coragem de postar a sua opinião. É lamentável e triste ver professores nas ruas defendendo o que lhes é de direito, mas é a realidade, o zelo, o compromisso, a responsabilidade, o respeito por este segmento ainda não faz parte da gestão municipal, que deixou a mercê do tempo, as construções, as reformas das escolas, como também a acessibilidade especialmente nas escolas. Só que nós que somos conhecedores desta realidade, que sabemos quais são nossos direitos e quais são os deveres do Poder Público temos que unir e buscar na realidade a concretização destes direitos, pois nossos deveres estamos cumprindo com dignidade, força de vontade, amor pelos alunos e esperanças de dias melhores para todos, porque a única categoria que acredita realmente em mudanças, que acredita no outro é os PROFESSORES, quando a família não mais acredita, quando a sociedade joga a beira do rio, quando os presidios não mais o aceita, os Professores aceitam, acreditam, confiam e renovam a esperança e a vida de muitos. Estes sim deveriam ser bem pagos e terem condições dignas favoráveis para o desempenho das atividades. Avantes Companheiros e Companheiras, a luta apenas se inicia.

  5. As preocupações de algumas famílias amigas do Arenã, com as quais conversei nesta terça feira, refletem o panorama traçado pelo professor João Maria: no mês de março seus filhos assistiram poucas aulas, agora vem uma greve!”Quem pode matricula os filhos em escolas particulares, as demais famílias estão matriculando em Monte Alegre – que manda ônibus, outras estão mandando os seus para Nísia Floresta, onde dizem tem bom ensino.

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