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A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de manter o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso e só opinar pela soltura na análise do julgamento de mérito da ação que questiona imparcialidade de Sérgio Moro deu ao PT tempo para conquistar apoio da opinião pública. Essa é a principal aposta do partido para uma mudança na conjuntura atual.
Apesar da expectativa de uma possível soltura imediata do ex-presidente nesta terça-feira (25), o entendimento geral dentro da legenda é de que não havia no momento clima para considerar a suspeição do ex-juiz e atual ministro da Justiça.
Reforça a esperança do PT de que haja mudança no apoio popular para o segundo semestre a promessa de mais reportagens com trechos de conversas atribuídas ao ex-juiz e a integrantes da Força Tarefa da Lava Jato do Ministério Público.
Enquanto a Segunda Turma do Supremo julgava os dois pedidos de habeas corpus do petista, o jornalista Glenn Greenwald, editor do Intercept, afirmava na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados que há áudios a serem divulgados.
“Vamos soltar quando o material estiver pronto jornalisticamente, com responsabilidade para publicar. Acho que você vai se arrepender muito por desejar fazermos isso”, disse o jornalista à deputada Carla Zambelli (PSL-SP). Ela havia pedido provas e áudios das conversas.
É exatamente essa falta de provas materiais sobre a integralidade das conversas que tem tornado frágil uma avaliação dentro STF sobre considerá-las válidas ou não. Especialistas ouvidos pelo HuffPost consideram prudente que se aguarde a perícia nos telefones para que a corte se posicione.
Há trechos nas conversas atribuídas a Moro em que o ex-juiz aconselha o procurador Deltan Dallagnol na condução do processo do ex-presidente. Moro e Dallagnol não negam veemente os diálogos atribuídos a eles, mas também não confirmam.
De acordo com o artigo 254 do Código de Processo Penal (CPP), se o juiz não se declarar suspeito, poderá ser recusado por qualquer das partes. Um dos critérios de suspeição é aconselhar defesa ou acusação.
No pedido de habeas corpus, apresentado antes do vazamento das conversas, a defesa de Lula já alegava suspeição do juiz responsável pela condenação do petista na primeira instância, no caso do tríplex do Guarujá, pedindo a anulação da condenação. Argumentava que o ex-juiz havia revelado “clara parcialidade e motivação política”.
Ao HuffPost Brasil, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) reiterou os argumentos da defesa e acrescentou que os diálogos atribuídos ao ex-juiz e a procuradores da Lava Jato são suficientes para anular o processo.
“A questão central [suspeição de Moro] não foi examinada pelo STF. Ao ser analisada, tenho certeza que vai ser dada a anulação. O que já saiu é suficiente para tomar essa decisão”, diz o deputado.
O petista, entretanto, afirma que os vazamentos estão só no começo. “Ainda que eu ache que é suficiente, vem mais por aí”, pontua.
Por Grasielle Castro/ Huffpost