VATICANO COGITA PADRES INDÍGENAS CASADOS PARA AUMENTAR PRESENÇA NA AMAZÔNIA

Papa Francisco troca presentes com o indígena brasileiro Raoni Metuktire no Vaticano em 27.mai.2019/Foto: Vatican Media/AFP

Na busca por se restabelecer na Amazônia, hoje em grande parte terreno dos evangélicos, a Santa Sé sabe que precisa promover uma mudança profunda na forma que a Igreja atua na região. O plano prevê desde a criação de rádios comunitárias em línguas locais, tradução de Bíblias, dar maior protagonismo aos atores locais e até incorporar a narrativa indígena para passar o evangelho.

Mas um dos principais debates se refere à falta de padres que possam atuar por toda a Amazônia. Uma das sugestões recolhidas e que está no debate é a flexibilização das regras para permitir que pessoas, mesmo casadas, possam assumir as funções de um religioso.

A ideia é de que a Igreja deixe de ser uma instituição “que visita” para se transformar em uma “igreja que permanece”

No que se refere aos sacramentos, pede-se para “superar a rigidez de uma disciplina que exclui e aliena, em prol de uma sensibilidade pastoral que acompanha e integra”. Para isso, porém, será necessário encontrar ministros provenientes dos próprios habitantes da região.

“Afirmando que o celibato é uma dádiva para a Igreja, pede-se que, para as áreas mais remotas da região, se estude a possibilidade da ordenação sacerdotal de pessoas idosas, de preferência indígenas, respeitadas e reconhecidas por sua comunidade, mesmo que já tenham uma família constituída e estável, com a finalidade de assegurar os Sacramentos que acompanhem e sustentem a vida cristã”, defende o documento.

“Por falta de sacerdotes, as comunidades têm dificuldade de celebrar com frequência a Eucaristia. Por isso, pede-se que, em vez de deixar as comunidades sem a Eucaristia, se alterem os critérios para selecionar e preparar os ministros autorizados para celebrá-la”, dizem os textos oficiais.

“Concorrência”

O esforço não ocorre por acaso. Nos documentos do sínodo, o Vaticano deixa claro que “no meio da floresta amazônica há outros grupos presentes ao lado dos mais pobres, realizando uma obra de evangelização e de educação”.

Também é recomendado que rádios e televisões sejam estabelecidas, nas próprias línguas locais e com protagonistas indígenas. Esses meios de comunicação teriam de promover “o Evangelho e das culturas, tradições e línguas originárias”.

A ideia, no fundo, é a de que a Igreja esteja “onde ninguém quer estar e com quantos ninguém quer estar”.

Por Jamil Chade/ Do UOL

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