CRIANÇAS APRENDEM A DIFERENCIAR BRINQUEDOS DE EXPLOSIVOS NA UCRÂNIA

Foto: Jo Shelley/CNN

Em uma estação de metrô na cidade ucraniana de Kharkiv, uma jovem segura um carrinho de brinquedo, um ursinho de pelúcia e uma caixa de suco para um grupo de crianças em idade escolar.

“Estes são objetos que encontramos em nossas vidas diárias”, explica Julia Gorlenko, do Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia. “Eles são brilhantes e coloridos, mas também podem ser perigosos”, completa ela.

A professora aponta então para uma réplica de uma pequena munição de plástico que uma criança pode facilmente confundir com um brinquedo. “Este aqui pode arrancar sua cabeça, sua mão ou sua perna.”

Enquanto a Rússia continua seu bombardeio de semanas à segunda maior cidade da Ucrânia, as crianças de Kharkiv estão recebendo uma dura lição sobre as realidades da guerra.

Gorlenko está ensinando-as a identificar explosivos russos. As crianças recebem exercícios de colorir que mostram a diferença entre uma granada e uma pequena bola de futebol, ou uma caixa de presente e uma banana de dinamite.

“A gente brincava com todos os brinquedos da caixa de areia”, conta uma das crianças chamada Semen, de 6 anos, “mas agora vou ficar com medo de pegar. Se você tirar um brinquedo da caixa de areia, algo pode explodir”, diz ela.

Vida no subsolo

As aulas de Gorlenko acontecem em uma estação de metrô da era soviética, onde milhares de famílias aterrorizadas buscaram refúgio desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.

Kharkiv, que fica a apenas 40 quilômetros da fronteira com a Rússia, foi bombardeada com artilharia que atingiu locais civis, incluindo escolas, prédios residenciais e lojas.

O ataque mais forte foi no prédio administrativo na praça central há pouco mais de um mês, mas desde então bombardeios diários são ouvidos em áreas residenciais de toda a cidade.

Zeena Petukhova, de 36 anos, e seu marido estavam comemorando o primeiro aniversário de sua filha quando o apartamento no quinto andar foi atingido por um morteiro há quatro semanas. “Estávamos comendo bolo quando ouvimos um som muito incomum e sabíamos que tínhamos apenas segundos para correr até o corredor”, diz ela.

Zeena protegeu sua filha, Alysa, e seu marido estava deitado sobre os dois, “como uma pequena pirâmide, esta é a única razão pela qual sobrevivemos”, lembra ela. As janelas foram arrancadas pela explosão e a família dorme no sistema de metrô desde então.

Alguns deixam o abrigo durante o dia, mas a vida acima do solo pode ser perigosa. No último domingo (3), sete pessoas morreram e 34 ficaram feridas — incluindo três crianças — após um ataque no distrito de Slobidskyi, no sul da cidade.

CNN Brasil

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