‘Não há razão para prisão de Bolsonaro com os fatos que vieram à luz até agora’, diz Temer

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ex-presidente Michel Temer pode até ser chamado de “golpista” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo PT e por seus aliados. Afinal, eles não reconhecem até hoje a legitimidade do processo de impeachment sofrido pela “ex-presidenta” Dilma Rousseff, aprovado pelo Congresso e avalizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas nem mesmo os petistas e seus “companheiros” podem dizer que ele é um radical, que age com o fígado e quer “passa pano” para Bolsonaro.

Por isso, quando Temer vem a público para se manifestar sobre tudo-isso-que-está-aí, convém prestar atenção no que ele tem a dizer, mesmo que se discorde de suas posições. Ainda mais se levarmos em conta que, além de ex-presidente, Temer tem formação jurídica e foi professor de Direito Constitucional e diretor do curso de pós-graduação em Direito na PUC de São Paulo. E foi ele, foi ele, sim, quem indicou o ministro Alexandre de Moraes para o STF em 2017, quando o mesmo era ministro da Justiça de seu governo.

Na visão de Temer, diante do que já se sabe a respeito da “tentativa de golpe” do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores mais próximos, incluindo a turma da caserna que o acompanhava, não há motivos para que ele seja preso, embora a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, tenha pontificado um mês atrás que, “se tudo der certo”, é o que vai acabar acontecendo.

“Com os fatos que vieram à luz até agora, penso que não há razão para prisão”, afirmou Temer nesta sexta-feira, 9, em entrevista à CNN Brasil. “Há sempre a perspectiva de, mas a perspectiva de depende da concretização de determinados fatos. E esses, a meu ver, caso se concretizem, sê-lo-ão mais adiante.”

Só se tem um golpe de Estado quando as Forças Armadas querem. E as Forças Armadas não quiseram isso.

Segundo Temer, também não se deve sobrevalorizar os acontecimentos investigados pela Polícia Federal nem a “tentativa de golpe” de Bolsonaro e sua turma, que ele classifica como “uma intenção malsucedida” de subversão da ordem constituída.

“O que posso dizer é que essa matéria não pode ganhar a dimensão que está ganhando. Ela é grave, mas tem de ser solucionada por meio da investigação que se processará”, disse. “Só se tem um golpe de Estado quando as Forças Armadas querem. E as Forças Armadas não quiseram isso. Pode, sim, ter envolvido um ou outro general, muito mais aqueles próximos do presidente Bolsonaro, mas nada mais do que isso.”

Estadão

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