Estudo americano mostrou que partículas do Sars-CoV-2 podem permanecer no tecido do pênis após a recuperação do paciente Foto: Freepik
Circulam nas redes sociais informações sobre a relação entre as vacinas contra a Covid-19 e casos de disfunção erétil e infertilidade masculina, embora não existam estudos que apontem evidências de que os imunizantes provoquem tais reações. Pelo contrário, pesquisas recentes comprovam que essas podem ser sequelas causadas pela própria doença.
Pesquisadores da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, mostraram que vacinas que usam a tecnologia do mRNA, como a Pfizer e a Moderna, não apresentaram efeitos negativos no sistema reprodutor masculino, como comprometimento da fertilidade e da função sexual. A pesquisa foi realizada com 45 voluntários, que receberam as duas doses da vacina durante todo o período de acompanhamento. Ao fim dos estudos, nenhum dos voluntários apresentou azoospermia, isto é, quando há a ausência de espermatozoides no sêmen.
De acordo com o professor Ranjith Ramasamy, diretor do Departamento de Reprodução e Urologia da universidade, não há motivo para deixar de tomar a vacina por medo de efeitos colaterais que afetem o sistema reprodutivo masculino.
— A nossa pesquisa mostrou o oposto. Não há evidências de que a vacina prejudique o sistema reprodutivo do homem. Porém, ignorá-la e contrair a Covid-19 pode resultar nisso — escreveu o pesquisador em um artigo publicado na plataforma de conteúdo acadêmico The Conversation.
Ramasamy se refere a um estudo anterior, também conduzido por sua equipe de e publicado no periódico World Journal of Men’s Health, que já havia mostrado que partículas do Sars-CoV-2 podem permanecer no tecido do pênis após a recuperação do paciente, o que pode causar uma disfunção generalizada das células endoteliais (células presentes no interior dos vasos sanguíneos).
O estudo analisou o tecido testicular de seis homens que morreram de infecção por Covid-19. Os resultados mostraram que o vírus permaneceu nos tecidos de um dos homens, e que houve uma diminuição significativa no número de espermatozoides em outros três analisados. Também foi identificada a presença do vírus nos testículos de um sétimo paciente, que sobreviveu à doença e fez a biópsia do tecido cerca de três meses após a infecção.
Além disso, a equipe também descobriu que o vírus pode afetar o pênis, com o desenvolvimento de disfunções eréteis graves causadas pela redução do suprimento de sangue no órgão.
O Globo