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Ao menos 5 mil pessoas foram retiradas de áreas de risco nas Ilhas Canárias após o vulcão Cumbre Vieja entrar em erupção hoje, às 11h12 no horário de Brasília (15h12, no horário local), informou o presidente Angel Victor Torres, em uma entrevista coletiva nesta noite exibida pelas redes sociais. Ao anoitecer, imagens mostraram fontes de lava disparando pelo céu e formando rios incandescentes descendo a colina entre áreas de florestas e terras agrícolas. Até agora, segundo as autoridades, não há registro de feridos, apenas de danos materiais.
A evacuação de moradores e animais da região começou em uma encosta arborizada na área escassamente povoada de Cabeza de Vaca, de acordo com o governo. Duas horas depois, com lava descendo, o município ordenou a evacuação de quatro aldeias, incluindo El Paso e Los Llanos de Aridane.
Segundo as autoridades, até agora apenas oito casas foram afetadas. Torres ainda destacou durante coletiva que a erupção ocorreu em área despovoada, mudando apenas 300 metros do local inicialmente calculado para a erupção. Agora, a lava se dirige em direção à costa.
Houve todas as evacuações, cerca de 5.000 pessoas. Não é previsível que mais alguém tenha que ser evacuado.”.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, também esteve presente na coletiva e afirmou que as autoridades estavam em um exercício de “antecipação” e de “informação pública” para garantir a segurança da população. “Tudo está se desenrolando como o previsto”, indicou.
Sanchez ainda citou uma preocupação com possíveis incêndios após a erupção e disse que as autoridades já estão preparadas para lidar com a situação. “Temos todos os recursos e todas as tropas, os cidadãos podem ficar tranquilos.”
La Palma estava em alerta máximo depois que mais de 22.000 tremores foram relatados no espaço de uma semana em Cumbre Vieja, uma cadeia de vulcões que teve uma grande erupção em 1971 e é uma das regiões vulcânicas mais ativas das Canárias.
Em 1971, um homem foi morto enquanto tirava fotos perto dos fluxos de lava, mas nenhuma propriedade foi danificada. A primeira erupção registrada em La Palma foi em 1430, de acordo com o ING (Instituto Geográfico Nacional Espanhol).
*Com informações da Reuters./UOL
Tsunami no Brasil
Nesta semana, internautas ficaram assustados com a possibilidade da erupção vulcânica provocar um tsunami capaz de atingir o litoral do Brasil. Com isso, o termo entrou nos assuntos no momento, provocando ainda inúmeros memes. Mas, afinal, as chances de acontecer esse fenômeno são motivo de real preocupação?
Na visão do professor Francisco de Assis Dourado, do Centro de Pesquisas e Estudos sobre Desastres da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), as consequências da erupção do vulcão na ilha La Palma não seriam as responsáveis por gerar ondas colossais. Ele explicou que as simulações que mostram a chegada de um tsunami usam velocidades extremas.
“Mas as probabilidades dentro desses parâmetros são muito pequenas”, afirmou.
Embora as chances de tsunamis na costa do país sejam raras, um fenômeno desse tipo já aconteceu por aqui. O perfil no Twitter da Rede Sismográfica Brasileira lembrou, numa postagem de 1º de novembro de 2020, quando um tsunami atingiu o litoral do Nordeste em 1755.
Para Dourado, um motivo de preocupação real para o Brasil seria um evento justamente como o que ocorreu em 1755, quando um terremoto atingiu Lisboa e acabou provocando de fato um tsunami que chegou no litoral do Nordeste. Se algo dessa forma se repetisse, aí sim o professor diria que os moradores poderiam começar a se preocupar.
“Eu diria que La Palma pode ser um motivo interessante para chamar a atenção para o real risco que a gente tem no nosso litoral. E aí eu chamo a atenção para uma coisa: pode ser um tipo de fenômeno que ocorre muito raramente”, declarou. “Por exemplo, se o terremoto de 1755 [em Portugal] acontecesse novamente, nas mesmas proporções que ocorreram na época, que destruiu Lisboa e o Sul da Europa, aí a gente teria de se preocupar porque estaríamos falando de uma onda que chegaria [pelas simulações que a gente fez, bem embasadas cientificamente] em Fernando de Noronha com 2 metros de altura, e aqui na costa do Nordeste em alguns pontos em 1,7 ou 1,8 metro de altura.
O professor então disse que ondas dos tamanhos descritos podem ficar ainda maiores ao chegar à costa, com riscos de causar perdas e danos.
“Ou seja, vamos supor que chega uma onda de 2 metros no litoral: a altura máxima que ela vai alcançar é até regiões com altitude de 8 metros.”
Assim como em 1755, o Nordeste seria novamente a região com maior risco de receber ondas grandes caso o Cumbre Vieja entre em erupção.
“O Nordeste é a região que pode ser mais afetada por este fenômeno lá de La Palma, porque apesar de estar a mais de 4.500 quilômetros, seria a parte mais próxima que o Brasil tem dessa região.” (Com AFP e Agência O Globo)/ No Exame.com