Em 2016, o imposto rendeu 3,6 bilhões de reais e, agora, pode simplesmente sumir dos cofres dos sindicatos. Agora, o governo precisa ao menos fechar uma regra de transição para que as centrais não se inviabilizem financeiramente. Temer é obrigado a fazer afagos, pois a ala ligada aos sindicatos na Câmara dos Deputados é importante — em especial quando o presidente conta, um a um, os votos contra a admissibilidade da denúncia por corrupção passiva contra o presidente.
Foram-se os tempos em que a preocupação com os grupos sociais era desprezada por Temer, que detinha maioria e controle absoluto do Congresso. Para aprovar um relatório favorável na Comissão de Constituição e Justiça, Temer liberou 134 milhões de reais a aliados. Em duas semanas, liberou ainda 15 bilhões em verbas para estados e municípios. O pacote de bondades tem levado apreensão ao mercado financeiro e a aliados como o PSDB, que defendem a austeridade num momento de caixa cada vez mais apertado.
Temer conversou nesta semana com os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, para um plano de incentivo para área de petróleo e planeja aprovar 3 bilhões de reais para empreendedores vinculados ao Sebrae. Hoje, deveria ir a Caruaru, em Pernambuco, para a entrega do lote inicial dos cartões-reforma, que deve distribuir até 9.600 reais para 170.ooo famílias.
Um exemplo emblemático nessa queda de braço foi dado no jantar de ontem com Rodrigo Maia (DEM-RJ), quando, segundo a jornalista Cristiana Lôbo, da Globonews, Temer acertou a compra da Cedae, a companhia fluminense de água, pelo BNDES, por 3 bilhões de reais. A notícia, se confirmada hoje, deve esquentar os debates sobre as táticas do Planalto. Entre austeridade e sobrevivência política, a prioridade de Temer é muito clara: cofres abertos.
Com informações do Exame.com